Bons tempos aqueles em que eu levava uma madrugada toda para fazer o download a conexão discada de, sei lá, duas músicas. Um fim-de-semana me rendia no máximo umas cinco. A expectativa para ouvir aquele single novo dos meus cantores favoritos não tinha preço nem tamanho e tal ansiedade me causava um frio danado na barriga. E como a dificuldade para baixar mp3 era bem grande, eu ouvia por semanas aquelas músicas que conquistava (sim, era quase como uma conquista) na internet.
No início da minha adolescência para presente em qualquer data presenteável eu pedia o de sempre: cds. Queria me agradar? Era só me comprar um cd e nego tinha minha amizade, gratidão e carinho eternos. E um cd eu ouvia por meses sem enjoar. O encarte, as letras, o cuidado que os artistas tinham para fazer um encarte, fazia do cd uma obra de arte. E claro, era preciso justificar de alguma forma o alto preço que era cobrado na época. Eu colecionava fitas, gravava as músicas que eu mais gostava das rádios, ligava para pedir música (vergonha mode on) e enquanto eu não estava na escola eu estava em casa assistindo MTV.
Voltando mais ainda, eu tive discos, e na minha infância era um artigo que eu adorava ganhar, mais que brinquedo. Claro que era artistas infantis da minha época, como por exemplo Trem da Alegria, Balão Mágico, entre outros. Era muito evidente quando eu era criança que eu teria esse vício por toda a minha vida.
E hoje? Quanto ao avanço da tecnologia, uma discografia extensa não demora nem uma hora para baixar na internet. Dá para ouvir qualquer música a qualquer momento, ver o vídeo e tudo. Isso faz com que as bandas de hoje e os álbuns lançados sejam todos descartáveis, ou seja, enjoa fácil. O acesso facilitado e esse bombardeio de novidades a todo tempo tornou a música atual algo sem paixão, sem a sensação de conquista que abordei acima de adquirir um CD tão desejado ou apenas uma mp3. Parece que até os artistas perderam um pouco desse amor e passaram a se preocupar mais com seus lucros, o que contribui bastante para que músicas sejam cada dia mais insossas e enjoativas.
Atualmente eu preciso de um álbum de uma banda por semana no mínimo para suprir meu vício. A minha preocupação é se chegar um dia em que eu tiver ouvido tudo que é bom nos parâmetros de "bom" que temos nos dias atuais. O que vai ser de mim? Mas uma coisa é certa: se isso acontecer, eu prefiro parar de ouvir música do que descer o nível para um axé, um pagode, um sertanejo universitário ou qualquer merda do tipo. E é essa certeza que me tranquiliza. E depois, a evolução da tecnologia é algo muito benéfico para nós, seres humanos. Sendo assim, o jeito é conviver com esse novo modo de ouvir música, mesmo que não agrade tanto.
#NowPlaying: Cold War Kids – Hang me up to dry
3 comentários:
Oie Juliana!
Primeira vez no seu blog (cheguei aqui por link em um outro). o/
Então, eu muitomuitomuito concordo com você. Tenho visto bastante disso com filmes também. Antes, tinha aquela espera de estréia no cinema, aí caso você não conseguisse assistir, tinha a mesma espera pelo DVD... Era tudo mais legal. A ansiedade fazia com que tudo parecesse mais... mágico.
Eu evito ao máximo baixar CDs e filmes. Na verdade, raramente baixo. E só quando é algo que não acho fácil pra vender, mesmo que importado. Tem minha coleçãozinha de CDs e DVD's.
E o pior é ter que ouvir pidinhas sobre isso, como se você fosse idiota por esperar meses depois que um CD vazou e só escutá-lo quando ele tiver chegado na sua casa, importado.
Posso dizer que eu curti MUITO mais as músicas assim.
pois é, queria ter continuado nessa vibe de colecionar cds e de fazer menos downloads. infelizmente eu fui infectada pelo vírus da tecnologia e viciei nessa facilidade de acesso a tudo, principalmente no que tange à música, assunto que mais me interessa. acho muito bacana saber que ainda existem pessoas como você.
Belo post! Mas conhecer pessoas que viveram toda a dor e a alegria dos primeiros downloads por conexão discada acaba sendo um grande consolo. Imagina conversar sobre isso daqui a 20 anos? :D
Ainda lembro do bom e velho Audiogalaxy, e das audições precaríssimas em streaming no Usina do Som, do "novo" do Weezer, o Green Album (hehehe!).
p.s.: Citar o Trem e o Balão é covardia, hein? Humpft! Depois te conto uma coisa engraçada sobre eu e o disco do Balão de 84.
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